A
epidemia de crack é um dos fenômenos mais sérios na interface entre saúde
pública e segurança. O que a faz particularmente grave é a reconhecida
dificuldade de superar a dependência química. Pois bem, a Universidade Federal
de São Paulo realizou pesquisa com 50 dependentes químicos de crack que foram
submetidos a um tratamento experimental de redução de danos. Sob a coordenação
do psiquiatra Dartiu Xavier, o grupo foi tratado com maconha. Daquele total,
68% trocou o crack pela maconha. Ao final de três anos, todos os que fizeram a
troca não usavam mais qualquer droga (nem o crack, nem a maconha).
Sabe-se que o abuso pode conduzir o usuário a problemas de concentração e memória e que em determinadas pessoas o uso está correlacionado à precipitação de surtos esquizofrênicos. Daí a criminalizar seu consumo e impedir experiências destinadas ao uso medicinal vai uma distância que tende a ser percorrida pela intolerância e pelo obscurantismo.
O psicofarmacologista Eduardo Carlini sustenta que o princípio ativo da maconha pode ser útil no combate à depressão e ao estresse. O mesmo tem sido dito por cientistas quanto ao tratamento do glaucoma, da rigidez muscular causado pela esclerose múltipla, ou como apoio aos pacientes com Aids, aos que sofrem do mal de Parkinson e aos que se submetem à quimioterapia em casos de câncer. Estudo da USP com pacientes que ingeriram cápsulas de canabidiol, um dos compostos encontrados na erva, demonstrou resultados positivos no tratamento da fobia social e na redução da ansiedade.
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