A partir da esq.: Emmett, de 12 anos, a rat terrier Sophie e a gata Little Kitty, de 12 anos
Quando Lisa Mastramico precisou de ajuda contra as dores de sua gata listrada, Little Kitty, recorreu a uma fonte improvável: maconha.
Com 12 anos, a gata tinha artrite. Durante muito tempo Little Kitty passou dias escondida em um armário, onde Mastramico tinha feito para ela uma cama de cobertores macios. Depois de experimentar vários suplementos que foram ineficazes, Mastramico foi a uma reunião da Women Grow, um grupo setorial de empresárias da canabis.
Ela não comprou a ideia imediatamente. "Minha preocupação era que não cabia a mim deixar minha gata ''de barato'", disse Mastramico, que é diretora de uma rede de TV aberta em Long Beach, na Califórnia.
Mas como Little Kitty ficava cada vez mais isolada ela decidiu experimentar. Mastramico conseguiu uma carteira para uso de maconha medicinal e comprou dois óleos comestíveis derivados de canabis, feitos para animais, que ela espreme na boca da gata.
Little Kitty não se esconde mais. Na verdade, está mais como era antes: toma banhos de sol no carpete da sala e brinca com a outra gata de Mastramico, Valentina.
"Quando eu lhe dou maconha, ela nunca parece 'de barato', como mergulhar na tigela de comida e engolir depressa", disse Mastramico. "Ela sai para brincar, quer ficar no colo e ser acariciada. É uma diferença notável."
Outros amigos de animais que recorreram a produtos feitos de maconha para aliviar uma série de doenças de pets, como tontura, inflamação, ansiedade e dor, estão relatando resultados semelhantes. Embora eles não tenham sido aprovados pelos órgãos reguladores, os tratamentos com base em maconha estão sendo usados não só em gatos e cachorros, mas para porcos, cavalos e animais silvestres domesticados.
Maria Ellis Perez, 55, uma inspetora de mofo em Pompano Beach, na Flórida, dá mastigáveis Treatibles feitos de cânhamo (Cannabis sativa) para uma de suas mascotes, uma gambá domesticada chamada Ricochet. Com 12 anos, Ricochet manca e tem catarata. A certa altura, ela ficou tão recolhida que se recusava a comer.
"Achamos que tivesse chegado a hora dela", disse Perez.
A boxer terrier Diva, que estirou um
ligamento do joelho direito
Mas depois de alguns dias mastigando cânhamo Ricochet parecia mais contente.
"Ela virava a cabeça e olhava com o olho bom", disse Perez. "E aparecia para o café da manhã."
A Administração de Alimentos e Drogas dos EUA não aprovou a maconha para animais, em parte porque há pouca pesquisa que mostre sua eficácia. Os veterinários não podem prescrever os produtos da canabis, e nos Estados onde a maconha é ilegal não se discute a ideia. No ano passado, foi derrotado em Nevada um projeto de lei estadual que previa a possibilidade de veterinários receitarem canabis para animais domésticos com doenças crônicas. Mas os usuários aprovam os produtos.
Cate Norton, 36, que mora em Springfield, Vermont, e trabalha em um centro de resgate de animais, disse que leva seus dois rottweilers, Ruby e Leia, a um veterinário em Hanover, em New Hampshire, onde a maconha medicinal é permitida.
"Meu veterinário gostaria de usar, mas não pode tocar nisso", disse ela.
Norton dá a Leia, que tem 3 anos, um produto baseado em maconha chamado Canna-Pet, para tratar tonturas e ansiedade. Nos oito meses de tratamento, disse ela, "houve uma grande redução na gravidade das crises".
Para compreender o efeito da canabis em animais, é bom conhecer um pouco de ciência. A planta Cannnabis sativa contém dezenas de canabinoides, entre eles THC (tetrahidrocanabinol) e CBD (canabidiol). O THC tem propriedades psicoativas que fazem as pessoas se sentirem inebriadas, mas são tóxicas para os animais.
O CBD, por outro lado, oferece os benefícios sem as desvantagens. O cânhamo industrial, usado para fabricar tecidos e papel, é usado em produtos para animais porque seus níveis de THC são desprezíveis.
"Os cães são muito sensíveis aos efeitos do THC", disse o doutor Steve Blauvelt, um veterinário em Bend, no Oregon. Com a recente legalização da maconha em alguns Estados, mais animais de estimação acabaram em hospitais veterinários arfantes e perturbados depois que encontraram o esconderijo da erva de seus donos, ou comeram um biscoito misturado com maconha que estava no balcão.
"A maioria dos donos de mascotes que trazem seus animais não contam a verdade", disse Blauvelt. "Eles fazem cara de sonsos e dizem que o cachorro comeu um de seus brownies."
Pallas Weber, 53, uma editora de vídeo de Los Angeles, estava cética sobre dar maconha a Emmett, um cão de 12 anos que teve um diagnóstico de câncer ósseo em 2012, resultando na amputação de uma pata dianteira. Mas o analgésico que o veterinário dela prescreveu o deixava zonzo demais para sustentar seus 40 kg nas outras patas.
Então em junho passado Weber comprou para Emmett uma tintura baseada em maconha chamada VETCBD, que é vendida em dispensários da Califórnia. Quatro meses depois, Weber diminuiu os analgésicos e Emmett se move mais ou menos bem. Weber também a usa para a ansiedade do cão, dando-lhe uma dose extra no 4 de Julho, para que ele não se esconda no armário por causa dos fogos. "Isso realmente o apavora", disse ela.
Stephen Katz, o deputado por Nova York que também é veterinário, uniu-se à Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia para realizar testes clínicos de Therabis, um trio de pós baseados em cânhamo que ele criou para ansiedade, mobilidade e coceiras.
"Eu tinha muitos clientes que voavam muito", explicou. "Eles queriam tranquilizantes para que pudessem levar seus cães no colo." Mas ele temia os efeitos mais fortes dos sedativos nos sistemas cardiovascular e respiratório dos animais e pensou que eles se beneficiariam com o cânhamo.
Em seu consultório em Nova York, Katz trata vários pit bulls que sofrem alergias e ansiedade por separação. "Esses cachorros coçam a pele até chegar ao osso", disse ele. O custo dos produtos equivale ao de remédios alopáticos, disse ele: aproximadamente US$ 20 a US$ 40 por mês (R$ 64,00 a R$ 128,00).
Os donos de mascotes na Califórnia, onde a maconha medicinal foi legalizada há duas décadas, estão na vanguarda da tendência. Rachel Martin, 32, uma treinadora de cães, usa VETCBD para diversos problemas de saúde dos animais. "Todos eles têm questões médicas muito complexas e detalhadas", disse ela. Um jack russell terrier chamado Shadow teve diversas cirurgias; Sophie, uma rat terrier, teve diagnóstico de câncer; e Petri, um mestiço de chihuahua, sofre de ansiedade baseada no medo.
Weber teve de conseguir uma carteira de maconha medicinal para comprar produtos para seu cão Emmett. Isso a fez ter uma conversa estranha com um médico que só prescreve maconha medicinal para pessoas.
"Eu disse ao médico: 'Preciso de uma carteira para comprar maconha para meu cão que tem câncer'", disse Weber, que não costuma fumar maconha ou beber. "Ele disse: 'Não tenho uma solução para isso'. Então eu lhe disse que eu tinha insônia."
Maureen McCormick, 54, vive em Newport Beach, na Califórnia, e foi convencida dos benefícios da maconha depois que parentes usaram produtos de canabis para suas próprias dores e problemas. Ela pensou que seria bom para seu gato de 14 anos, Bart, que tem artrite nas patas dianteiras.
"Eu disse ao médico que sentia dor nos joelhos e no ombro também", disse ela. "Eu também disse que queria usá-la para meu gato." Ela conseguiu a carteira em julho.
McCormick está usando uma tintura da Treatwell, uma empresa da Califórnia que também faz comestíveis para seres humanos. Até agora, porém, disse que não viu muito progresso em Bart.
"É frustrante, porque os gatos são mais difíceis que os cachorros", disse McCormick. Ela ajustou a dose três vezes, trabalhando com Melinda Hayes, 39, fundadora da Sweet Leaf Shoppe, um serviço de entrega de maconha medicinal em Los Angeles.
Tug é uma tartaruga que sofre distúrbios da concha e dos ossos
Hayes, que abriu seu dispensário em 2014, começou a trabalhar com donos de pets e outros animais no ano passado, depois de consultar produtores de maconha. "É bastante complicado", disse ela.
Hayes disse que hoje ajuda 40 animais e cerca da metade de seus chamados são sobre cuidados de animais de estimação.
"Eu vou sempre que posso conhecer o bicho", disse Hayes. "Os donos olham para seus animais amados com óculos cor-de-rosa. As pessoas podem verbalizar suas reações. Os animais não."
Ela também dá produtos de canabis a seus próprios animais: sua boxer terrier Diva, que estirou um ligamento do joelho direito; Snoop, seu mestiço de pitbull e shih tzu, que tem alergias e ansiedade; e Tug, uma tartaruga que sofre distúrbios da concha e dos ossos. Hayes pretende ter um local aonde as pessoas possam levar seus animais para consultas e tratamento.
"Assim poderei combinar minhas duas coisas preferidas: cachorros e maconha", disse ela.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Hayes disse que hoje ajuda 40 animais e cerca da metade de seus chamados são sobre cuidados de animais de estimação.
"Eu vou sempre que posso conhecer o bicho", disse Hayes. "Os donos olham para seus animais amados com óculos cor-de-rosa. As pessoas podem verbalizar suas reações. Os animais não."
Ela também dá produtos de canabis a seus próprios animais: sua boxer terrier Diva, que estirou um ligamento do joelho direito; Snoop, seu mestiço de pitbull e shih tzu, que tem alergias e ansiedade; e Tug, uma tartaruga que sofre distúrbios da concha e dos ossos. Hayes pretende ter um local aonde as pessoas possam levar seus animais para consultas e tratamento.
"Assim poderei combinar minhas duas coisas preferidas: cachorros e maconha", disse ela.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Fonte: Notícias UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não Use Palavrões Nos Comentários Ou Ele Será Imediatamente Apagado.
Atenciosamente: ADM